terça-feira, 10 de abril de 2007

Luta connosco!




Porque não esquecemos o passado...


A 11 de Setembro de 1979 criava-se o primeiro município de Abril. A Amadora, anteriormente freguesia de Oeiras, é elevada a cidade. A realidade de então era bastante diferente da que vivemos hoje. Milhares e milhares de migrantes de todo o país fixaram-se na Amadora. Esta gente vendia a sua força de trabalho às grandes indústrias existentes na zona. Foram eles os verdadeiros protagonistas do prestigio de empresas como a Sorefame, a Cometna, a Cabos d'Avila. Naquele tempo, os amadorenses tiveram de arregaçar as mangas e forjar a sua própria cidade. Vastas áreas compreendiam habitação clandestina e não tinham condições como o saneamento básico ou arruamentos.

Com o esforço das populações e da Câmara Municipal, a Amadora sofreu uma evolução importante. Não só no plano da habitação mas também no plano cultural. Criou-se o Prémio Zeca Afonso para apoiar a música popular portuguesa. Na Fábrica da Cultura nasceu o Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora. Os jardins deram lugar a exposições regulares de escultura. Apoiou-se a criação da Amascultura, um projecto cultural que envolvia vários concelhos. Para além destes exemplos, e de outros tantos de uma enorme lista, havia uma semana inteiramente dedicada à juventude. Participavam centenas e centenas de jovens em espectáculos não só culturais mas também desportivos.

...lutamos no presente!

A Amadora de Abril está a morrer. É uma cidade descaracterizada. Hoje pouco ou nada existe daquilo que foi atrás descrito. Nas ruínas de um passado que desaparece só há lugar para a especulação imobiliária, para o consumo como forma de "entretenimento" e para cidadãos afogados na apatia. De dia, a rotina casa-trabalho e trabalho-casa. De noite, as ruas vazias e inseguras.

No plano da habitação, os jovens confrontam-se com a inevitabilidade de viverem com os pais até bem tarde. Isto quando há centenas de fogos devolutos na Amadora. Tanta gente sem casa, tanta casa sem gente. Um paradoxo gerado pelos abutres especuladores e por quem os apoia na Câmara Municipal. Centenas de casas em avançado estado de degradação à espera da ruína e da venda do terreno para a construção de mais betão. Muitos destes edifícios fazem parte da história da nossa terra.

No plano da cultura, não há muitas palavras para descrever o marasmo e a escassez de oferta cultural que nos presenteia a Câmara Municipal. Como encaramos a cultura não apenas no plano da fruição, mas também no plano da sua produção, há que referir os grupos de teatro, as bandas musicais, os jovens artistas, os imigrantes. Todos aqueles que com a sua acção produzem cultura sem qualquer apoio da Câmara Municipal.


LUTA CONNOSCO!